Por Orlando Brito
1966. Na chuvosa manhã de agosto, soldados do Batalhão da Guarda Presidencial hasteiam a bandeira do Brasil no mastro do Palácio do Planalto. Era uma cena se repetia desde 1964.
O golpe militar que tirou do poder o então presidente da República João Goulart completou 52 anos no domingo passado, 31 de março. Jango foi substituído pelo marechal Castello Branco. Depois de Castello, houve uma sucessão de generais a comandar o País: Costa e Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo.
Houve também uma junta militar, que governou de setembro a outubro de 1969, com o afastamento de Costa e Silva. Com a Revolução de 1964, o Brasil viria mergulhar, durante 21 anos, num clima de ditadura, com o fechamento do Congresso Nacional, censura è imprensa e às obras de arte, cassação de mandatos parlamentares, proibição de manifestações públicas e prisão de pessoas consideradas contrárias ao regime.
Depois de um longo processo de distensão política – iniciado no governo Geisel e concluído na gestão de Figueiredo –, o Planalto voltaria às mãos de presidentes civis, com a eleição de Tancredo Neves, em 1985.
Como foi – Muitas vezes uma fotografia vai além da função de simplesmente ilustrar matérias publicadas no jornal do dia seguinte, no blog de daqui um minuto ou na revista da próxima semana. Ao invés de registrar momentos que “morrem” no jornalismo, o fotógrafo produz documento para a história. Essa imagem, por exemplo, bem condiz com a afirmação.
Eu era ainda um menino, mas já cobria a Presidência da República, para o jornal Última Hora, importante matutino carioca que não existe mais, de propriedade de Samuel Wainer. Diariamente eu via a rotina dos soldados hasteando a bandeira do Brasil, coisa que acontece toda vez que os presidentes chegam ao Palácio.
Naquele dia, porém, o céu nublado contrastava com a posição do pelotão e compunha essa imagem que reflete o período sombrio que o Brasil vivia.
OrlandoBrito é um dos maiores fotojornalistas do Brasil.